O que é insuficiência do pâncreas?

Ilustração do pâncreas e sua localização no abdômen: qual a relação entre IEP e a redução da produção de enzimas digestivas?
As principais funções do pâncreas incluem produzir enzimas digestivas e produzir alguns hormônios que controlam o açúcar no sangue, como a insulina por exemplo.

O que é Insuficiência Exócrina do Pâncreas?

Algumas doenças fazem o pâncreas diminuir ou até perder sua capacidade de produzir as enzimas digestivas e hormônios. É o que os médicos chamam de Insuficiência Exócrina do Pâncreas (IEP). Aqui vamos falar somente sobre a IEP e a redução da produção de enzimas digestivas.

O Pâncreas é uma glândula, localizada atrás do estômago e próxima ao intestino delgado (fino). As principais funções do pâncreas incluem produzir enzimas digestivas e produzir alguns hormônios que controlam o açúcar no sangue, como a insulina por exemplo.

A produção de enzimas pancreáticas é essencial para o processo de digestão adequada dos alimentos. A falha nesta produção acarreta má-digestão e, por consequência, má absorção de nutrientes.

Vamos entender melhor qual a relação entre a IEP e a redução da produção de enzimas digestivas.

Quais são as causas?

A Insuficiência Exócrina do Pâncreas se manifesta quando há redução de aproximadamente 90% da produção de enzimas digestivas. Portanto, somente observamos algum tipo de sintoma quando a doença está numa fase muito avançada.

As principais causas de Insuficiência Exócrina do Pâncreas são:

  • Alcoolismo crônico – o consumo acima de 4 doses de bebida destilada (cachaça, uísque, vodca, tequila etc) por dia, por um tempo maior que 5 anos, poderá causar Insuficiência Exócrina do Pâncreas;
  • Tabagismo – o cigarro também é vilão e é um fator de risco para inflamação e câncer de pâncreas;
  • Cirurgias – Pacientes que fizeram cirurgias em que parte do estômago ou do próprio pâncreas foram retirados (pacientes operados por câncer, ou por úlcera péptica);
  • Doenças crônicas do intestino – como a doença celíaca ou doença de Crohn;
  • Doenças genéticas do pâncreas – (como fibrose cística ou pancreatite hereditária) e algumas doenças auto-imunes (pancreatite auto-imune);
  • Doenças crônicas, como diabetes e insuficiência renal crônica podem afetar a função do pâncreas, principalmente a longo prazo.

Como é feito o diagnóstico?

A pessoa que sofre de Insuficiência Exócrina do Pâncreas (IEP) não precisa ter todos os sintomas, especialmente no início do problema. Os sintomas podem ser somente má-digestão, formação de gases e abdome distendido. Os exames de sangue podem mostrar  sinais de má-nutrição.

Já nos casos mais avançados, os pacientes têm mais sintomas e sofrem mais com a doença. Os sintomas que eles mais apresentam são  diarreia, perda de peso importante e dor abdominal. Em muitos casos a pessoa pode ficar desnutrida, com  anemia (por carência de nutrientes) e deficiência de vitaminas e minerais. Gordura nas fezes é muito frequente nos casos avançados.

O diagnóstico é feito principalmente através dos sintomas, exames de imagem como ultrassom de abdome, tomografia de abdome ou ressonância magnética, exames de fezes para avaliar a quantidade de gordura nas fezes, por exemplo, e exames de sangue para dosar as vitaminas e sais minerais.

A INSUFICIÊNCIA EXÓCRINA DO PÂNCREAS TEM TRATAMENTO?

Sim, tem tratamento e é feito com a reposição das enzimas que faltam no pâncreas.  Estas enzimas vão ajudar o organismo a absorver os nutrientes que estão nos alimentos e assim  corrigir ou evitar a desnutrição, pois o  paciente desnutrido tem maiores riscos de contrair infecções, de ter problemas cardiovasculares como infartos ou acidentes vasculares cerebrais, de desenvolver osteoporose entre outras doenças.

O tratamento deve começar logo que  o diagnóstico for feito pelo médico. Quanto mais precocemente for iniciado o tratamento, menores as chances da pessoa ter desnutrição e outros problemas que comprometam sua qualidade de vida.

A reposição das enzimas do pâncreas é feita durante as refeições, principalmente nas refeições que contêm maior quantidade de gordura (como café-da-manhã, almoço e jantar).

Geralmente a melhora dos sintomas de diarreia e dor abdominal acontece nos primeiros dias de uso nos casos mais leves e a melhora da desnutrição acontece com mais tempo, nos primeiros meses de tratamento.  É muito importante a pessoa tomar direito o medicamento conforme o médico orientar, caso contrário os sintomas e a desnutrição irão voltar.

Além das enzimas, pode ser necessária a complementação com vitaminas e sais minerais, até a normalização do estado nutricional.

Não é recomendada a formulação manipulada do extrato pancreático. Essas formulações não têm a mesma tecnologia das enzimas industrializadas, e não se dissolvem da melhor forma para a digestão dos alimentos.

Lembre-se: É sempre importante consultar seu médico para uma melhor orientação sobre diagnóstico e tratamento mais adequado para seu caso.


Referências bibliográficas:

  1. Consultora médica Dra. Maira Andrade Nacimbem Marzinotto – CRM-SP 124.994

Material destinado ao público em geral.

Janeiro/2021

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